O defeito estava naquela pecinha atrás do volante de direção, um ser humano que não entendia absolutamente nada, nem de automóveis nem de como dirigi-los
Por Douglas Mendonça 25/03/19 às 20h45
Acreditem, essa história é real e não foi contada por ninguém, pois eu mesmo a vi acontecer. Você já deve ter ouvido falar em muitas histórias de motoristas barbeiros, que já fizeram atrocidades transitando por esse Brasil de meu Deus.
Há aquele clássico caso da senhorinha que reclamava ao mecânico que seu Fusca falhava muito e não tinha força sequer para subir uma ladeira. Depois do mecânico passar uma semana mexendo no tal Fusca, tentando descobrir o defeito, depois de trocar tudo que era possível, a senhorinha partia com o carro e voltava no dia seguinte, reclamando do mesmo problema.
Desacorçoado, o mecânico se rendeu e pediu à senhorinha que fossem dar uma volta, com ela na direção do carro e ele como passageiro. Entraram no carro, ela funcionou o motor do Fusca para saírem e, no momento da partida, puxou o botão do afogador ao máximo e comentou com o mecânico: “aqui é um ótimo lugar para pendurar a minha bolsa!”.
Pronto, o defeito não era do carro e sim da senhorinha, que usava o afogador para pendurar a bolsa. Essa é uma história clássica de barbeiro.
Entre bons motoristas e barbeiros natos
Eu também tenho uma boa história de barbeiro para contar. À época, na segunda metade dos anos 80, findava a ditadura e o Brasil começava a receber seus primeiros ares de democracia após 21 anos sob o comando dos militares. Naquela época, eu trabalhava na maior revista automotiva do país e, entre uma das minhas funções, estava a de cuidar da frota de longa duração da própria revista.
Os carros, normalmente entre seis ou sete, eram comprados nas concessionárias e testados por 60 mil km pela própria redação, que depois os desmontava para mostrar aos seus leitores o desgaste desse período. Bem interessante. Nessa pequena frota, que ia se renovando a medida que os outros testes iam terminando, os carros eram utilizados para viagens e para o dia a dia da redação, de acordo com as necessidades.
Com uma redação numerosa – naquele tempo era de 35 a 40 pessoas – todos os carros eram utilizados por todos os integrantes da equipe. Alguns conheciam de carros e sabiam dirigir muito bem. Em compensação, existiam outros que não entendiam nada e eram barbeiros natos: mal sabiam manobrar os carros na garagem. Uma catástrofe!
Com o final da ditadura, alguns integrantes de esquerda vieram compor a equipe e não eram muito afeitos ao assunto carro. Na real, não entendiam nada! Um desses editores recém-contratados era um senhor de seus 45 ou 50 anos de idade, que voltou a respirar com o fim da ditadura militar e pôde retomar sua vida profissional de jornalista. No fim de semana, ele viajaria com a família para Campos do Jordão, uma cidade serrana a cerca de 180 km da capital paulista.
Ele me pediu um carro, vi suas necessidades e designei para ele um Opala com motor de quatro cilindros movido a etanol, que fazia parte de nossa pequena frota. Bancos dianteiros separados, com câmbio manual de cinco marchas, motor 151-S de 112 cv com bom torque desde as baixas rotações que, pensei, seria ótimo para uma viagem familiar se pegasse um pouco de serra.
Opala mais novo causou problemas ao motorista defasado
Ventarola?
O carro foi entregue ao tal jornalista e ele viajou no final de semana. Na segunda feira, quando veio me devolver o carro, documentos e a planilha de teste devidamente preenchida, perguntei se tudo correu bem e ele reclamou: “o carro é confortável, mas não desenvolve nada na estrada, não passando dos 60 km/h e quando eu forçava o acelerador até 70 km/h, o ruido do motor era ensurdecedor! Além disso, o carro não possui manivelas para abaixar os vidros das portas dianteiras e traseiras e para que o calor não castigasse minha família, viajei com as ventarolas abertas!”.
Na hora, pensei: “ventarolas? Manivelas para abaixar os vidros? De que planeta esse cara veio?”
Disse a ele, com toda calma do mundo: “vamos por partes, meu amigo. Antes de mais nada, o que são ventarolas? Outra coisa, não existem manivelas para abaixar os vidros porque eles são de acionamento elétrico, por meio de teclas em cada uma das portas. Além disso, se você quisesse e sentisse calor, poderia ter utilizado o ar-condicionado do veículo!”.
Ele me explicou que chamava de ventarola o que conhecemos como quebra-vento. Ele viajou com os vidros fechados e apenas os dois quebra-ventos abertos. Um absurdo! Ar-condicionado? Ele sequer sabia que o acessório existia para automóveis e muito menos que estava disponível naquele Opala que utilizara no fim de semana.
Opala com três ou cinco marchas?
Finalmente, voltamos à questão do desempenho, que me preocupava muito em um carro de teste. Eu o questionei sob que condições o carro não passava dos 60 km/h, afinal de contas ele foi a Campos do Jordão e voltou, totalizando 360 km sem ultrapassar os 60 km/h. Uma vigem bem demorada.
Ele, com toda calma do mundo, explicou: “enquanto andei na cidade não passei da segunda marcha, quando peguei a estrada e o carro podia desenvolver, engatei a terceira que é a marcha de viagem, mas ele andava bem até 60 km/h e a partir daí o motor começava a gritar e não passava dessa velocidade!”.
Imediatamente eu o interrompi e perguntei: “você não utilizou a quarta e a quinta marcha?”.
Ele, surpreso, me respondeu com outra pergunta: “mas o Opala não tem só três marchas? Esse carro que estava andando tem quarta e quinta marcha? Como assim?”.
Nesse ponto, eu havia descoberto tudo. O problema não estava no carro, que estava perfeito em seu funcionamento. O defeito estava naquela pecinha atrás do volante de direção, um ser humano que não entendia absolutamente nada, nem de automóveis nem de como dirigi-los!
Defasado!
Depois, expliquei a ele que o carro tinha ar-condicionado, que o comando dos vidros era elétrico e que as tais ventarolas não precisavam ser abertas. E, o mais importante: que o Opala de três marchas existiam apenas no final dos anos 60 e início dos anos 70 e que na segunda metade dos anos 80, não existia mais. O cara ainda estava no inicio dos anos 70 e o Brasil já estava na segunda metade dos anos 80. O cara, além de barbeiro, estava mais de 15 anos defasado no tempo.
Ele ainda tentou argumentar que eu deveria ter dito a ele que o câmbio possuía cinco marchas, em que pese o fato que na própria manopla da alavanca de mudanças estar gravado a posição das 5 marchas. Bastava que ele olhasse para a alavanca e teria visto que além do 3, tinha mais o 4 e o 5. E eu não poderia imaginar que esse jornalista estivesse perdido há mais de 15 anos no passado.
Para que o teste da revista não fosse prejudicado, simplesmente desconsiderei a quilometragem e o combustível consumido nos dias em que o pobre Opala esteve à mercê desse motorista barbeiro.
Fonte: https://autopapo.com.br/noticia/barbeiro-reclamando-carro-opala/?fbclid=IwAR1axy7wVA1NjQfY5BAA0oq2eQ92OaCSpPY-uqTfiimj9zgcc8Gad57iAHE
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