Talvez seja mais fácil analisar o automóvel, paixão comum de todos nós, como produto e seu ciclo de vida e utilização. Tenho uma teoria e vou apresentar a vocês.
Um carro quando fabricado, por alguns anos é considerado um bem de grande valor, status e posição social. Caso você veja um amigo seu hoje, num Fusion ou um New Civic pensará que, no mínimo, o cara esta razoavelmente bem de grana, se o carro for dele, é claro... isso vai durar alguns anos, e daqui a cerca de 10 ou menos esse carro não vai ser mais "novo", mas sim um "usado bom". Dou como exemplo meu carro "normal" rrss, um Santana dos anos 90 em bom estado.
Depois de alguns anos e muitos quilômetros rodados, esse carro vai virar um "auto velho"...
Lembro perfeitamente de quando víamos Opalas bem íntegros e originais sendo destruídos por serralheiros e pedreiros, ou casos piores, quando seis cilindros, junto com Chargers e Mavericks, que serviam apenas para puxar trailers de circos falidos ou serem jogados em ribanceiras ou incendiados nos filmes antigos dos trapalhões...
À cerca de quinze anos atrás, quando estava no primeiro ano do segundo grau, estudava em uma escola tradicional aqui da minha cidade, cujo horário de saída ao meio dia era também um ponto de encontro de carangas "diferentes"... um playboy tinha na época um Gol GTS do ano, turbo com rodas quinze... Nossa, ele era "O cara"!!!
Sempre fui viciado em carro, e como falo repetidamente, não me convide pra jogar bola! Meu negócio é graxa!!! Aquilo pra mim era uma curtição, esperava ansiosamente a hora da saída todos os dias...
No meio daquelas "carangas" rebaixadas (Escort XR3, Voyages, e pouquíssimos importados...) um cara que tem Opala até hoje, o Beto, tinha um Comodoro 76 4100, vermelho com teto de vinil, ar, direção, impecável exatamente como você esta imaginando. O toque "hot" era um escape 6x2, películas espelhadas, rodas "Stock Car" (alguém lembra?) 15, e rebaixado três voltas de mola...
Quando vi esse carro pela primeira vez, esperando o ônibus na porta do colégio, de uniforme e pastinha embaixo do braço, fiquei doente... O cara vinha devagarinho, o 250-S fazia aquele tic- tic dos tuchos mecânicos, enquanto a playboyzada babava pelo carro, lembro de uma gurias que estudavam comigo e estavam perto.
Uma delas, linda, eu era apaixonado, seu nome era Márcia... Quando o Beto deu um acelerão no seis, fazendo o mesmo rugir alto e grave, ouvi apenas o comentário:
- O que esse cara quer acelerando esse carro velho e horroroso... que nojo, que babaca...
Nossa, aquilo foi como uma punhalada no coração... cinco segundos antes, enquanto o cara atravessava o Opala na lombada cuidadosamente para não raspar o assoalho, eu, um piá de 14 anos me imaginava ao volante dele... com aquela gata linda do lado...
Com aquela caranga, poderíamos voar a duzentos por hora como eu via os Stocks na final da reta do autódromo de Tarumã... ou passear devagarinho, eu buscaria ela em casa, o carro impecávelmente limpo e lindo, ela viria toda cheirosa, eu abriria sua porta e ela entraria sorrindo, depois de me dar um maravilhoso beijo...
Pois é gente, aquilo ficou marcado. Nem sempre nossas paixões andam juntas... Os anos se passaram, nem um beijo eu consegui dar naquela gatinha... mas tudo bem... aos 17 comprei meu primeiro carro, mas não foi um Opala, afinal era carro de pedreiro... mesmo quando andava com o primeiro, um Passat 78 excelente, depois trocado por um Santana ótimo e 4 anos depois por um Omega impecável, o Opala ficou no coração, sempre.
Depois de uma Caravan 78, em 2003, um Especial 74, em 2004, e um Comodoro 89, em 2006, no mesmo ano adquiri meu 77, realizando finalmente uma meta pessoal de anos...
Julho de 2008. Estou novamente passando em frente ao colégio Nossa Senhora dos Anjos, em Gravatai... Ao volante do meu 77, apesar de ser um dia de semana, afinal gosto de curtir meu Opala em dias "comuns".
Viajo, participo de encontros e provas de arrancada esporadicamente. Tenho meu carro para prazer e curtição. Bater chave no saudável 250-s, colocar um Rock'n Roll e sair, não existe higiene mental melhor que essa pra mim... problemas no trabalho, em casa, com a mulher, tudo fica para tras... enquanto estou ao volante do meu Opala, esqueço tudo que me faz mal. Sou o que sempre quis...
O horário é o mesmo, saída do turno da manha. Um belo dia de sol do inverno gaúcho. Estou atravessando a mesma lombada, quinze anos depois. Quantas coisas passaram, quantos carros... trabalhei, estudei, namorei, viajei... e voltamos para o ponto de partida...
Assim que arranco, preciso parar devido à um carro na frente. Do meu lado, na calçada, na altura da minha porta, três gatinhas lindas, patricinhas típicas, na faixa de 15, 16 anos. Nem olho muito, afinal sou um tio de 28 anos... mas consigo ouvir quando uma fala para a outra:
- Olha só fulana, que lindo esse Opalão!
- É mesmo! Muito lindo, muito clássico! Eu adoro esse carro!
Enquanto elas e quase toda a galera da frente do colégio acompanha com os olhos meu 77, arranco devagarinho e falo para o meu brinquedo:
- Valeu Opala! Eu devia isso pra mim mesmo! Tu é o cara!!!!!
Nossos carros transcenderam as barreiras do tempo!
Estamos no futuro gente! Vamos curtir nossas máquinas!!!
Saudações Opaleiras!!
Rodrigo Abreu
Gravataí-RS
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