Eu tinha por volta de uns 20 anos,e estava trabalhando fazendo uns bicos de pintura e reforma com uns amigos no INPE d São José dos Campos. Todos os dias íamos trabalhar bem cedo,trabalhávamos até à noite,e dois desses amigos eram donos de um Opala Coupé branco 1974,4cc,original em muitos detalhes,mas meio derrubadão,no qual eles buscavam e traziam um a um (éramos em 6 )de casa para o serviço e vice-versa!
Certa vez,numa dessa noites em que estávamos em horário de lanche,estava eu lá fora olhando à distância o Opalão de cima abaixo,pensando em talvez comprá-lo! Então me aproximei e comecei a examiná-lo(como se eu entendesse alguma coisa,rsrsrs)olhando atento dentro do carro,avaliando se valia a pena pegar um carro tão maltratado.
Mal sabia eu que começava ali uma saga,a minha paixão pelos Opalas...
Olhei teto,parte de baixo do assoalho,e outras coisas que na época as pessoas comentavam que tinha que observar num carro qualquer.
(Só não falavam que tinha tanto a observar num Opala,rsrrsr)
Numa tarde,quando meus amigos(os irmãos donos do Coupé) vieram me trazer em casa,(eu fui o último a ser deixado em casa naquele dia) perguntei à eles se eles não o venderiam e por quanto. Já fui logo falando também que não tinha dinheiro e que só podia fazer um rolo numas coisas que eu tinha.
Eles ficaram interessados na hora,pois eram muito roleiros (gostavam de trocar coisas que tinham para conseguir outras)
e rapidamente me perguntaram o que eu tinha para troca.
Eu mal podia disfarçar meu contentamento ,pela disposição deles em trocar um CARRO por umas poucas cosias minhas,e assim ter meu primeiro carro!(Eu nem tinha carta ainda!!!!)
Resumindo,eles entraram em minha casa,olharam as coisas que eu tinha no quarto e rapelaram tudo!
Eu tentei ainda ficar com alguma coisa mas como meu disfarce pelo interesse já tinha ido pelo ralo durante a negociação,topei e entreguei à eles todos os aparelhos que eu tinha ,som,tv,video game e etc...
Eles ainda usaram o carro para levar as coisas embora,e eu fui com eles,para que me trouxessem de volta novamente em casa e me entregassem o carro!
Na volta ,me entregaram o Opalão,os docs e aas chaves,e sairam felizes ,dando risada até.
Depois que me dei conta do por quê...Abaixo ,uma foto do dia que ele chegou,já na garagem:
O carro tinha muitos problemas a consertar,assoalhos internos e do porta - malas podres(isso que dá olhar carro à noite),elétrica,portas desalinhadas,faltavam extintor e triângulo de segurança,chaves de rodas, o motor fumava,funcionavam só dois cilindros,quando pisava no pedal de freio(carro ligado) ele ia baixando até encostar no assoalho,enfim... Mesmo assim nada disso me desanimou,pelo contrário,talvez por ser meu primeiro carro,eu tinha muito carinho e zelo por ele, e cuidava o melhor que eu podia e minhas condições naquela época permitiam.Toda semana eu tirava ele da garagem,lavava inteiro,tirava os bancos e limpava o interior,dava aquela geral.
Passei muitas noites bebum dentro dele ,após voltar de quermesses que haviam todo fim de semana em um bairro próximo;chegava em casa e via ele lá,parado na garagem sem gasolina,entrava em casa e pegava as chaves dele,abria a porta e ligava o radinho toca-fitas velhinho que eu tinha arrumado e instalado nele,e bebendo minha garrafa de Continni tinto ou São Tomé,eu falava com o Opalão(coisas de bebum,kkkk),que eu ia consertá-lo assim que eu pudesse,que logo eu o colocaria para andar,e com o tanque cheio ,e que ele ainda ia ficar inteirão...
Me sentia triste por não poder fazer nada,pois estava desempregado e em situação difícil(vivia de bicos,mas mesmo assim peguei o carro),e ficava fazendo as coisas do carro funcionar,piscando setas e lampejando o farol,nas madrugas adentro, e quando o sono batia,eu saia ,trancava a porta,dava um tapinha no teto e entrava em casa pra dormir....
Mas aí, um dia, eu comecei a aprender a pilotar moto,e meu interesse por elas foi aumentando,então decidi vender ou trocar o "Estranho Mamulengo"
(Nome do grupo de Teatro fundado por um dos meus amigos,e que se tornou símbolo de referência à nós até hoje.O grupo já não existe mais ,mas os Mamulengos,que somos nós, sim) por uma moto,pois andava pensando que talvez eu nunca conseguisse fazer pelo carro o que ele merecia,pois ele também tinha os docs muito atrasados... Ah,se eu tivesse noção do que estava em minhas mãos,jamais teria tomado essa decisão!
Certa vez,quando eu estava em frente à minha casa,mexendo qualquer coisa no Opala,apareceu um rapaz perguntando pelo carro,e após eu dizer quanto eu queria(não me lembro o valor)e o que eu pretendia pegar na troca pelo carro,que era somente uma moto,ele me ofereceu uma moto que ele tinha ,uma CG 125.Marcamos de ir ver a moto no outro dia,quando ele viria à minha casa para me guiar até a chácara em que ele morava e eu iria dirigindo.
A estrada era de terra no caminho para a chácara,coberta com brita e pedregulhos,e eu me diverti fazendo aquelas curvas com o Opalão saindo de lado e de traseira,dependendo das curvinhas, e fui assim até chegar ao local onde a moto estava,era uma daquelas CG'zinhas 125 ,antigas,vermelha e até bonitinha,toda original,mas ele estava sem o recibo dela,se eu não me engano.
Fechamos o negócio,e eu iria entregar o carro à ele no dia seguinte,quando ele me entregaria a moto após ter localizado o recibo,e retornei à minha casa!
Lavei o Opalão uma última vez e mais tarde fui abastecê-lo num posto próximo,mas caí na besteira de deixar um outro amigo ir dirigindo (apesar de ser menor,[17 pra 18anos] ele sabia dirigir ha mais tempo que eu).
Acontece que estando à uns 300 metros do posto,numa rodovia perto de casa,acabou a gasolina e o carro parou no acostamento. Aí começou o triste fim do Opalão!...
Liguei o pisca alerta e pedi ao meu amigo que fosse buscar a gasola,enquanto eu esperaria ali no carro,mas ele insistiu que era melhor tirar o carro da pista,enquanto que eu queria que ficasse onde estava.
Mas ele me contrariou e soltou o freio de mão e desengatou o carro,foi descendo de ré até sair da pista e entrar numa área de terra logo atrás,onde funcionava uma barraca de coco gelado,e que também tinha em frente um tronco antigo enraizado de uma árvore de eucalipto das grandes, que fora cortada.
Eu dizia para parar o carro mas ele insistia que tinha que descer mais,eu o carro foi pegando embalo,quando eu comecei a gritar com ele pra parar,mas ele dizia em pânico que o freio não funcionava,que estava pisando no pedal do freio mas não funcionava,enquanto eu gritava:"Pisa no freio ,pisa no freio cara,anda logo!".
Eu não entendia porque ele não parava,não entendia nada de carros naquele tempo e muito menos que freio à vacuo não funcionava com o carro desligado,até que num estrondo,o carro parou...
Ficamos nos perguntando o que havia acontecido e após sairmos do choque da parada brusca,descemos do carro e fomos olhar,e ao nos depararmos com aquela visão,ele começou a chorar,e dizia: "O que eu fiz com seu carro,oque que eu fiz com seu carro,cara,eu vou pagar tudo ,etc,enquanto que eu não acreditava no que estava vendo,mas permaneci calmo e mandei que correse ao psto e buscasse a gasola pra gente sair fora de lá antes que a P. Rodoviária passasse por ali. Ele saiu feito um raio e voltou minutos depois...
Tirei a tampa e fui por a gasola,mas começou a derramar por baixo do carro...Levantei a tampa do porta malas e iluminei o local,percebendo que a mangueira do bocal havia se desprendido ,e vi também que o prejuízo só não foi maior porque o estepe estava deitado em cima do tanque,e travou a traseira ao bater.
Abaixei a tampa e fui abrir o capuz,fiz uma ligação direta no filtro do carbura com uma mangueirinha e uma pet que eu tinha pra emergências ,ele foi pro banco do carona segurou a garrafa,eu fui pro volante ,dei a partida e arranquei a milhão dali...
Ao chegar em casa fui ver o prejú:
Essas fotos foram tiradas em casa minutos depois da batida,já com ele na garagem...
Enfim,foi o que aconteceu!
Depois disso eu troquei por uma Caravan,que era branca e tinha muitos problemas também.
Acabei ,mais tarde por vender a Caravan,da qual não tenho nenhuma foto,à preço de banana,pois não consegui melhor preço devido aos muitos problemas que ela tinha,e depois disso não tive nenhum outro carro por um longo tempo,até que com o passar de alguns anos,cheguei a ter um 147 e dois Golzinhos a ar,os quais também vendi por problemas com os docs,e tempo mais se passaram,me amasiei com uma mulher,tive um filho e quatro anos depois me casei,para ir ao Japão com ela,onde nos ferramos por causa da crise FDP,e onde ela engravidou de outro filho meu,que nasceu recentemente,e onde também meu casamento foi pra's cucuias,pois retornando ao Brasil ela se separou de mim ainda no aeroporto,grávida de 4 meses +/- !
Resumo: Após uns seis meses que retornei a este país,com um "notebook" na frente e uma mão atrás,fiz outra loucura,peguei um empréstimo,rodei madrugadas adentro lendo mil anúncios(literalmente)e comprei meu atual Opala que,pra variar,rsrsrs,também tem seus probleminhas ,mas não vou vender até que esteja como eu planejei, e nem deixar outro dirigir,exceto meu mecânico,e só quando estiver por perto,para fazer pequeníssimos trajetos de teste!
É isso,pessoal!
Espero não tê-los entediado com tantos detalhes,e contado direitinho minha história com os Opalas para vcs!
Comentem à vontade e perguntem também se quiserem,pois passei a noite toda escrevendo esta história,postada com exclusividade neste fórum!
Um forte abraço do amigo Opaleiro,
Shaolin01
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