1- Primeira coisa a ser feita quando queremos uma perfeição na regulagem do carburador é termos a certeza que o mesmo está limpo e com todos os componentes em perfeita ordem de funcionamento. Juntas mal feitas e vazamentos nos coletores podem causar problemas na regulagem. Inclusive verifique o curso e alguma torção nas barras onde os acionadores dos carburadores estão fixados. Ajuste a pressão de combustível para 3.5PSI.
Essa parte é para multiplos carburadores, pra quem quer mexer apenas na sua DFV 446 ou Solex 34 esqueça isso.
2- Certifique-se que todas as borboletas estão fechadas e os parafusos de regulagem da rotação estão distantes do assentamento. Feche os os parafusos de regulagem da mistura de marcha lenta em todos os carburadores, seja gentil com as crianças porque isso não é parafuso de cabeçote. Feche também os parafusos do ''by-pass''.
O by pass é um parafuso de mistura que a Weber criou para ter entrada de ar falso regulável, assim ao invéz de ficar trocando os giclês para menores vc pode abrir o by-pass que estará agindo diretamente sobre o gicle de marcha lenta (empobrecendo)
3- Inicie o processo inicial de abertura dos parafusos, apertando o parafuso de aceleração até encostar-se ao assentamento, e quando encostar gire por mais meia volta, faça isso em todos os carburadores. Para os parafusos de mistura inicie com duas voltas de abertura, também para todos os carburadores. Os parafusos ''by pass'' podem se manter fechados por enquanto.
Essa meia volta é apenas pra Weber, em nossos carburadores comuns as vezes é necessário uma volta completa ou mais, se for a primeira vez que vc estiver ligando um motor com comandão e tal... minha 446 sempre ficava em 3/4 de volta a 1 volta apertada contra o encosto, mas quando o motor era original podia deixar o parafuso totalmente solto que o motor funcionava muito bem.
4- De a partida no motor e aguarde chegar a temperatura ideal, não ligue se o motor tiver pipocando. Depois de atingida a temperatura ideal verifique o ponto inicial e corrija se necessário.
Essa parte é importante, por mais que vc acerte o carburador, quando mexer no ponto posteriormente muda completamente o comportamento do motor.
5- O quinto passo quando utilizamos um conjunto com 2 ou mais carburadores é o sincronismo entre as borboletas. Cada carburador Weber possui um parafuso específico para tal, que é o mesmo que regula a rotação da marcha lenta. Carburadores não sincronizados dão uma séria dor de cabeça ao preparador, produzindo funcionamento irregular e uma queima não homogênea em todos os cilindros, o que resulta em um péssimo funcionamento do motor. Para fazer um bom sincronismo das borboletas você pode pegar uma mangueira de 3/4'' de polegada e com 40cm de comprimento, colocar a mangueira próxima ao venturi auxiliar e escutar o ruído da sucção, tente manter o ruído igual em todos os carburadores. O ruído que você estará escutando é a passagem de ar pelos venturis e difusores. Um método mais profissionel é ter um sincronizador a vácuo fabricado pela própria Weber ou de outra marca como o Uni-Syn que possuo, mas infelizmente o modelo não é facilmente encontrado no mercado nacional, uma pena, porque custa R$ 160,00 e é uma senhora ferramenta na hora de acertar os carburadores.
Se alguem tiver esse sincronizador a vácuo pra me vender mande MP. Essa dica ae é mais válida quando se usa coletores individuais, que exige que um carburador esteje idêntico ao outro, em coletores tiplo plenum uma pequena diferença entre os carburadores é mascarado pelos outros, mas o ideal é estarem todos iguais.
6- Com o motor em funcionamento e feito o sincronismo mecânico das borboletas você pode utilizar um vacuômetro independente e começar a acertar os parafusos de mistura da marcha lenta. O ouvido nesta parte também funciona muito bem. Inicie fechando os parafusos de mistura de um único carburador e fique de olho no vacuômetro e vá acertando até chegar a faixa verde ou medida ideal de vácuo que vem descrita nos vacuômetros automotivos, se não tiver a ferramenta você pode ''sentir'' o motor. Quando fechamos o parafuso de mistura estamos limitando a entrada do combustível e oxigênio vindo dos canais, empobrecendo a relação ar / combustível. Quando abrimos os parafusos da mistura estamos agindo contrariamente. Geralmente quando temos uma proporção ideal a rotação se eleva, e quando isto ocorrer abra mais 1/4'' de volta nos parafusos de mistura.
Quando usa comando de lob baixo e graduações elevadas, perde-se muito vácuo, e o torna muito instável, por isso antes de quebrar a cabeça pra deixar a agulha do vácuometro no verde, tende deixar o máximo possível longe do 0 (ponto inicial da escala, ponto de repouso da agulha... etc)
7- Acertada a mistura de marcha lenta (isso pode implicar na correção dos giclês de marcha lenta e exigir modificações), você escolhe a rotação ideal de marcha lenta e repete todo o processo nos parafusos de mistura. Novamente se tiver a ferramente de sincronização de vácuo você pode utiliza-la para fazer o ajuste fino.
8- Com o motor na lenta e o veículo parado inicie uma aceleração leve para checar se a progressão está ideal. Se o motor pipocar durante este processo o giclê de combustível da marcha lenta pode estar muito grande. Se o motor tender a ''apagar'' é um sintoma claro de falta de combustível, bastando fazer as correções necessárias.
9- É hora de colocar a tropa para dar as primeiras caminhadas. O funcionamento do motor com o veículo parado é uma coisa, andando as reações são muitos diferentes porque com o esforço aumenta-se a necessidade de combustível, é ai que as coisas ficam mais complicadas na hora de acertar a Weber. Na aceleração leve e mantendo o carro entre 1500e 2500rpmvocê poderá verificar se os sintomas são os mesmos citados acima bem como as reações. Basta fazer a correção nos giclês de marcha lenta um pouco mais gordo e fazer as correções de ar nos parafusos ''by-pass'', que atuam quando a borboleta esta iniciando a abertura. tenha paciência, pois esté é o pior momento no acerto de um carburador, e várias modificações poderão ser necessárias para um ajuste ideal.
10- Com a fase de baixa corrigida, coloque o carro em movmento e procure manter a rotação em 2500rpm em quarta marcha. Sinta o motor aliviando e pressionando vagarosamente o acelerador. Se tiver um hallmeter verifique a mistura se esta dentro do ideal, se não tiver simplesmente sinta o carro como se fosse a extensão do seu corpo. As modificações desta fase intermediária estão relacionadas diretamente a escolha dos giclês de marcha lenta (não sei porque são chamados assim, afinal de contas respondem até 3000rpm...) e a caneta em relação a entrega de combustível aos canais. Você deve fazer as correções necessárias e sempre utilizando o ''by-pass'' para corrigir a proporção de ar.
Nas DFVs, que conheço muito bem, os gicles de lenta não atuam durante toda essa rotação, próximo dos 2000rpm ja é possível 'ver' combustível caíndo das canetas, ponto em que começam a entrar em funcionamento o sistema de alimentação principal (giclês principais de combustível e ar).
11- Acertando a rápida; a rápida funciona como uma bomba de combustível enviando instantaneamente o dito cujo ao difusor por canais independentes. O acerto deve ser feito em conjunto com a fase intermediária. Jamais deixe o motor sem rápida, apesar disso ser possível em carros de competição de circuito, pois funcina lavando tudo, em motores de rua e arrancada não é aconselhavel eliminar o funcionamento da rápida. Resposta ''rápida'' é tudo, e um back-fire ou mesmo um 'contra' em um motor super-preparado pode custar caro.
Uma forma de acertar a rápida das DFVs é modificando o ângulo do liame que empurra o pistonete, ou calçando-o para empurrar mais ou menos combustível nas aceleradas...
12- Fase média alta para alta: A responsabilidade agora é exclusiva das canetas, giclês principais, venturis e difusores. A combinação pode ser iniciada com o set-up citado acima, mas fique atento a falta e ao excesso de combustível. Variações entre as partes citadas são fáceis e necessárias em todos os motores. Aqui é a parte mais fácil do acerto, sem meios termos ou meias palavras, a proporção de ar combustível devem ser perfeitas para que se extraia o máximo de potência e torque. Utilize as fórmulas, cálculos e graficos para iniciar a regulagem e vá fazendo as modificações até finalizar a regulagem. O ideal é levar o carro a um dinamômetro e testar de várias formas, alterando canetas giclês, difusores até extrair o máximo do seu motor. Para um carro de rua o bom senso aliado a ferramentas ideais como vacuômetros, analisadores de mistura (sonda lambda) são as melhores opções. Lembre-se que as velas são ferramentas importantes e funcionam como um raio-x do funcionamento do motor. Velas rosadas puxando para o marron claro indicam que a mistura está ideal. Velas escuras indicam que o motor está ''gordo'' e necessita de atenção quanto aos giclês de combustível, velas rosa claro ou mesmo brancas é sinal que a mistura está pobre demais. Velas derretidas.... é melhor rezar.
Os sintomas de falta ou excesso em alta são muito parecidos, por isso é sempre bom vc ter um hallmeter ou multímetro ligado á uma sonda no escape, ajuda muito.
Espero ter ajudado de alguma forma quem gosta de brincar de mecânico nos finais de semana, pois eu começei assim e ainda hoje tenho dificuldades (minha tripla de Solex 40 ta quase afinada, mas pra chegar nisso ja foi mais de 2 tanques de combustível e não estou tão perto do final do acerto, pois conseguindo afinar com os difusores 28mm pra rua, vou querer testar os 30mm, dae depois ja tenho uns tarugos de alumínio quase prontos para virarem difusores, só esperando pra ver que medida ficarão.
Outra dica que deixo aqui, pra pista sempre deixe a mistura bem gorda em baixa, apesar de render menos potência de despediçar combustível, notei que com mistura gorda o motor responde melhor à qualquer toque no acelerador, e tem muito mais torque em baixa rotação, apesar de aumentar o 'embaralhar' ja causado pelo comando bravo. Em alta o bom é fazer com que a mistura permaneça por volta de 850mV (quando estiver de pé embaixo).
O hall meter, nos carros carburados sempre deve indicar mistura rica, tanto em lenta como em rotação média... e quando empurrar o pé até o talo não pode baixar dos 850mV (instantaneamente a mistura vaí para a escala zero, mas tem de voltar rapidinho e permanecer nos 850mV), a maneira correta de fazer a leitura do hall meter é sempre de pé embaixo (borboletas wot), quando se está andando e o hall meter ficar oscilando é sinal de que a carburação não está de acordo... (carros com injeção eletrônica é diferente, a central fica monitorando a sonda a todo instante, e tenta corrigir o tempo todo, então o hall meter fica oscilando entre 450mV e 850mV praticamente o tempo todo - 450mV ponto de maior econômia, 850mV ponto de maior potência)
Qualquer dúvida, tentarei responder assim que possível.
Abraço a todos
JEFERSON HEERDT
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